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Segunda-feira, 13 de Janeiro de 2025

Pacientes denunciam erros de clínica estética de luxo em Goiânia e mostram lesões e cicatrizes; sócios estão presos

Karine Gouveia e Paulo Cesar Dias Gonçalves eram investigados há quase um ano pela Polícia Civil, acusados de promover procedimentos invasivos sem os requisitos adequados e por profissionais que não tinham capacitação técnica.

Karine Gouveia e seu marido, Paulo Cesar Dias Gonçalves, comandavam uma clínica luxuosa em uma das regiões mais caras de Goiânia, frequentada por famosos. Mas o casal foi preso no mês passado, acusados de causarem lesões em pacientes após procedimentos estéticos.

O casal era investigado há quase um ano pela Polícia Civil de Goiás e teve duas clínicas fechadas, a de Goiânia e uma filial em Anápolis. Desde 2017, 63 pacientes da clínica registraram denúncias.

“O que acontecia ali eram procedimentos invasivos, verdadeiras cirurgias que eram realizadas por profissionais que não tinham a capacitação técnica para tanto, sendo que muitos procedimentos são procedimentos que deveriam ser realizados exclusivamente por médicos”, afirma o delegado Daniel Oliveira.

O Fantástico conversou com três pacientes que se dizem vítimas de erros na clínica Karine Gouveia. Ela e o marido investiam em publicidade nas redes sociais, com vídeos e fotos atraentes, e gostavam de ostentar riqueza com viagens, roupas de marcas, lanchas e helicóptero.

“Eu vi a repercussão que tinha clínica, as postagens, a quantidade de famosos, a quantidade de seguidores”, diz o empresário Marcelo Santos.

“O valor foi interessante, mas o fundamental foi a extrema credibilidade que as postagens dela passavam. Era aquela coisa, a melhor cobrando um preço extremamente barato”, prossegue.

Marcelo pagou R$ 8 mil para fazer uma rinoplastia, uma cirurgia plástica no nariz. “Fizeram raspagem eu sentindo, eu acordado, senti tirar pele, senti tirar cartilagem, senti tirar, raspar o osso. Porém, a cirurgia não deu certo”, diz.

Ele reclamou do resultado e passou por uma segunda cirurgia na clínica, mas o problema não foi resolvido. “Hoje, pra fazer minha cirurgia de correção vai em torno de R$ 60 mil, eu não tenho condições.”

O procedimento nem poderia ser realizado ali, só pode ser feito por médicos, em hospitais, de acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e o Conselho Federal de Medicina. “Eu me sinto enganado, lesado, frustrado”, afirma o empresário.

Já a psicóloga Vânia Ribeiro investiu quase R$ 20 mil em uma harmonização facial. “Seria nas pálpebras inferiores, no bigode chinês, nos lábios e no ângulo da mandíbula. Eu sempre pergunto qual é o produto usado e eles me falaram que seria o ácido hialurônico.”

Não era. O produto injetado na pele dela, segundo exames médicos, foi óleo industrial. “É um produto que não foi feito para o corpo. Eu não tenho nenhum prejuízo grande, mas eu conheci mulheres e homens deformados, que passaram pelas mãos deles e que lutam todos os dias contra a depressão.”

Uma terceira paciente, que não quer se identificar, convive há meses com cicatrizes. Pagou R$ 4,5 mil para fazer uma lipoaspiração de papada. “Quando eu olho no espelho, eu levo um choque. Movimentar o pescoço de um lado pro outro, repuxa. Pra mim, abaixar, dói. Então, é doloroso ainda, até hoje.”

 

G1

 

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