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Segunda-feira, 14 de Outubro de 2024

O tsunami do tamanho de um arranha-céu que chacoalhou o planeta e ninguém viu

Neste artigo, pesquisadores discutem como tsunamis de grandes proporções podem vir a se tornar mais comuns, por conta das mudanças climáticas.

Cientistas especialistas em terremotos detectaram um sinal incomum nas estações de monitoramento usadas para detectar atividade sísmica em setembro de 2023, entre eles nós. Vimos este sinal nos sensores em todos os lugares, do Ártico à Antártica.

Ficamos perplexos - o sinal era diferente de qualquer outro registrado anteriormente. No lugar do “estrondo” rico em frequências típico dos terremotos, tratava-se de um zumbido monótono, contendo apenas uma frequência de vibração. Ainda mais intrigante foi o fato de o sinal ter continuado por nove dias.

Inicialmente classificado como um “objeto sísmico não identificado” (USO, na sigla em inglês), a fonte do sinal acabou rastreada até um enorme deslizamento de terra no remoto Fiorde Dickson, na Groenlândia.

Um volume impressionante de rocha e gelo, suficiente para encher 10 mil piscinas olímpicas, mergulhou no fiorde, desencadeando um megatsunami de 200 metros de altura e um fenômeno conhecido como seiche: uma onda no fiorde gelado que continuou a se deslocar para frente e para trás, cerca de 10 mil vezes em nove dias.

Para contextualizar o tsunami, essa onda de 200 metros tinha o dobro da altura da torre que abriga o Big Ben em Londres, e era muitas vezes maior do que qualquer coisa registrada após terremotos submarinos de grandes proporções na Indonésia em 2004 (o tsunami do Boxing Day) ou no Japão em 2011 (o tsunami que atingiu a usina nuclear de Fukushima). Talvez tenha sido a onda mais alta em qualquer lugar da Terra desde 1980.

Nossa descoberta, agora publicada na revista Science, contou com a colaboração de 66 outros cientistas de 40 instituições em 15 países.

Assim como em uma investigação de acidente aéreo, a solução desse mistério exigiu a junção de diversas evidências, desde um grande número de dados sísmicos até imagens de satélite, monitores de nível de água em fiordes e simulações detalhadas da evolução da onda de tsunami.

Tudo isso evidenciou uma cadeia de eventos catastrófica e em cascata, de décadas a segundos antes do colapso. O deslizamento de terra desceu por uma geleira muito íngreme em uma ravina estreita antes de mergulhar em um fiorde estreito e confinado.

No final das contas, foram décadas de aquecimento global que afinaram a geleira em várias dezenas de metros, o que significa que a montanha que se erguia acima dela não podia mais se manter de pé.

 

G1

 

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