Brasil | Reurbanização

Sexta-feira, 22 de Novembro de 2024

Entenda por que luminárias japonesas foram retiradas da Rua dos Aflitos, na Liberdade, que guarda a memória negra de SP

Luminárias estavam na rua da Capela dos Aflitos, construída em 1779 ao redor de um cemitério de escravizados; restante do bairro segue com os tradicionais postes. Em 2018, arqueólogos encontraram nove ossadas de escravos dos séculos 18 e 19.

Na semana do Dia da Consciência Negra, luminárias japonesas que ficavam na Rua dos Aflitos, no bairro da Liberdade, em São Paulo, foram retiradas da via e substituídas por LED. O restante do bairro ainda segue com os tradicionais postes de iluminação asiáticos.

A decisão da prefeitura de retirar as luminárias apenas daquela rua ocorreu após pressão de ativistas do movimento negro.

A administração municipal ressaltou que a troca, feita em 18 de novembro, visa "equilibrar o respeito às diferentes camadas históricas e culturais presentes no bairro" e garantir que a "memória de cada grupo seja adequadamente representada".

A Associação Amigos da Capela afirmou que a remoção foi fruto de uma luta de seis anos. "A reurbanização do Beco dos Aflitos faz parte do projeto Ruas Abertas. Reparação aos nossos ancestrais, dando visibilidade à Capela dos Aflitos, patrimônio histórico tombado", disse, em nota.

Mas por que houve a pressão dos ativistas? O que a rua representa para o movimento negro? Entenda abaixo nesta reportagem.

Antes de se chamar "Praça da Liberdade", o espaço público era conhecido como Largo da Forca, destino dos condenados à morte até a metade do século 19, sendo a maioria deles de escravos fugitivos: negros e indígenas.

O local de enforcamentos foi escolhido pela proximidade com a necrópole, o Cemitério dos Aflitos, que ficava entre as Ruas dos Estudantes, Galvão Bueno, da Glória e dos Aflitos.

Pouco abaixo do antigo Largo da Forca ficava o Largo do Pelourinho (atual Largo Sete de Setembro). Era ali onde os negros fugitivos eram açoitados até a metade do século 19.

No fim da Rua dos Aflitos, está a Capela dos Aflitos, uma igreja construída em 1779 ao redor do cemitério de escravizados. O prédio continua no local e é patrimônio tombado.

 

G1

 

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