Brasil | Carrefour
Quarta-feira, 20 de Novembro de 2024
CEO do Carrefour na França diz que empresa vai parar de comercializar carne do Mercosul
Presidente da gigante francesa, Alexandre Bompard, fez declaração em uma carta em carta direcionada a sindicato agrícola, em suas redes sociais. O Grupo Carrefour Brasil informou ao g1 que "nada muda" nas operações brasileiras.
O CEO do Carrefour, Alexandre Bompard, publicou nesta quarta-feira (20), em suas redes sociais, um comunicado no qual diz que a gigante francesa do varejo "assume hoje o compromisso de não comercializar nenhuma carne proveniente do Mercosul", bloco formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.
A carta é endereçada a Arnaud Rousseau, presidente do sindicato francês FNSEA, sigla para Federação Nacional dos Sindicatos de Agricultores - veja íntegra do comunicado no final da reportagem.
O comunicado foi publicado nas contas de Bompard no Instagram, X e Linkedin, e ocorre em meio a protestos de agricultores franceses contra o acordo da União Europeia com o Mercosul. O g1 procurou o Carrefour na França e aguarda por um posicionamento.
Em sua carta direcionada ao sindicato, Bompard não dá detalhes se todas as lojas do Carrefour da Europa vão parar de comprar carne do Mercosul, ou se a medida envolve apenas o Carrefour França.
Ao g1, o Grupo Carrefour Brasil disse que a medida em "nada muda nas operações no país", indicando que os supermercados do grupo em território nacional irão continuar comprando carne de frigoríficos brasileiros.
O grupo não informou quanto compra e comercializa de carne do Mercosul ou do Brasil.
O g1 procurou o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), a Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo) e a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), mas não recebeu um retorno até a última atualização desta reportagem.
A declaração do CEO do Carrefour ocorre quase um mês depois de uma polêmica envolvendo outra gigante francesa, a Danone. No dia 25 de outubro, o diretor-financeiro da empresa de laticínios, Juergen Esser, disse à agência Reuters que a companhia tinha deixado de importar soja brasileira.
Sem explicar a fala de Esser, a Danone Brasil e a presidente da Danone América Latina disseram que a divulgação tinha "informações incorretas" e que os países onde a empresa está continuam comprando soja nacional.
Tudo aconteceu às vésperas de entrar em vigor a lei da União Europeia que proibirá a importação de produtos vindos de áreas desmatadas. A legislação entraria em vigor no final de dezembro deste ano, mas foi adiada para 2025.
"Em toda a França, ouvimos o desespero e a indignação dos agricultores diante do projeto de acordo de livre-comércio entre a União Europeia e o Mercosul e o risco de inundação do mercado francês com carne que não atende às suas exigências e normas.
Em resposta a essa preocupação, o Carrefour quer agir em conjunto com o setor agrícola e assume hoje o compromisso de não comercializar nenhuma carne proveniente do Mercosul.
Esperamos inspirar outros atores do setor agroalimentar e impulsionar um movimento mais amplo de solidariedade, além do papel da distribuição, que já lidera a luta em favor da origem francesa da carne que comercializa.
Faço um apelo especial aos atores da restauração fora de casa, que representam mais de 30% do consumo de carne na França – mas onde 60% é importada – para que se unam a esse compromisso.
Somente unidos poderemos garantir aos pecuaristas franceses que não haverá nenhuma possibilidade de contornar essa questão.
No Carrefour, estamos prontos, qualquer que seja o preço e a quantidade de carne que o Mercosul venha a nos oferecer."
G1
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